A Função Psicopedagógica e a Psicanálise
- carolteixeirasil
- 10 de jan.
- 3 min de leitura
Atualizado: 13 de jan.

Uma questão importante ao se pensar a psicopedagogia é pensarmos qual é sua função em nossa sociedade? E como podemos exercer esta função de forma ética e responsável?
A proposta do atendimento psicopedagógico é de um número limitado de encontros, havendo a sugestão de 10 sessões. Neste curto período de tempo, as dificuldades da pessoa devem ser identificadas, investigadas as suas causas e contexto para em seguida serem encontradas ferramentas que a auxiliem na superação de suas dificuldades de aprendizado. A limitação do número de sessões certamente é um desafio para atendermos todas as funções às quais a psicopedagoga se propõe a realizar neste curto período. Entretanto, cada caso é um caso, com suas especificidades próprias, em alguns casos a investigação e procura por soluções será breve; em outros será mais demorada e caberá a psicopedagoga perceber tais diferenças. E como vocês podem perceber em seu próprio meio social, hoje em dia há um grande número de pessoas com diagnósticos que podem exigir um acompanhamento contínuo ao longo da vida em seu processo de aprendizagem.
Ou seja, apesar da proposta inicial ser de poucos encontros é preciso haver certa flexibilidade diante de cada indivíduo e seu contexto.
Dito isto, entraremos em outra questão da psicopedagogia, embora ou justamente por ser um campo interdisciplinar, a psicopedagoga não pode nem deve atuar como um profissional da saúde capaz de realizar diagnósticos psíquicos, assim é essencial ter bons contatos na área da saúde mental, como: psicólogos, psiquiatras, neurologistas e psicanalistas. Assim a psicopedagoga poderá recomendar e encaminhar o aluno sempre que julgar necessário. Quando falo de bons contatos quero dizer, profissionais comprometidos com suas profissões e empenhados em exercê-las de forma humana e respeitosa, praticando a escuta ativa diante de cada um de seus pacientes.
Diante desta questão surge uma grande responsabilidade para a psicopedagogia, uma vez que, encaminharemos pessoas a outros profissionais da saúde mental é de extrema importância que sejamos capazes de identificar diante de cada caso, qual a abordagem pertinente, para tanto é imprescindível que o próprio psicopedagogo se veja como um profissional da saúde mental tanto quanto da educação e aprendizagem e se mantenha em constante estudo em suas áreas de atuação. Em outras palavras, como psicopedagoga e psicanalista, preciso me manter em constate aprendizagem, a formação é permanente.
No entanto, não basta estudar permanentemente, é preciso também cuidar da minha saúde mental. Para uma boa atuação nestas áreas [saúde mental, educação e aprendizagem] é preciso estar bem resolvido consigo mesmo, nenhum profissional da saúde mental deveria descuidar de sua própria saúde mental, acredito que o ideal seria que todos os profissionais da saúde mental e da educação e aprendizagem mantivessem um acompanhamento psicológico e/ ou psicanalítico ao longo de toda sua carreira, para não projetar em seus pacientes, suas próprias questões.
Voltando ao fato de que a psicopedagogia atua em duas grandes áreas, saúde e educação, reconheço que esta é uma função duplamente difícil e complexa, por isso a importância de estarmos atentos à nossa saúde mental e física. Vale ressaltar ainda que, para além da atividade profissional, a capacidade de ter uma escuta ativa e atenta é o alicerce de qualquer bom relacionamento com o outro, de modo geral. Assim o acompanhamento psicológico trará benefícios tanto para o desempenho profissional quanto para a vida pessoal das psicopedagogas.
A título de exemplificação basta pensar na quantidade de erros médicos que seriam evitados e diagnósticos que seriam encontrados com menor dificuldade se todos os profissionais da saúde mantivessem sua capacidade de escuta ativa e atenta diante de cada um de seus pacientes. Claro que estamos falando de um mundo ideal, com uma estrutura hospitalar de maior qualidade e um número maior de profissionais atendendo, entretanto, o melhor dos hospitais em termos de estrutura e quadro de funcionários não evitará erros e negligência médica sem essa tal capacidade de escuta ativa e atenta diante de seus pacientes. Por isso uma abordagem psicanalítica (onde a escuta ativa está bem apurada) no atendimento psicopedagógico, é capaz de enriquecer grandemente o acompanhamento psicopedagógico.
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